quinta-feira, 25 de março de 2010

Aos amigxs-irmxs (ou antes e hoje)

Antes a gente pirava com roteiros de filmes e música
Hoje piramos com (e em) infinidades "internéticas"...imagem, som, palavra...
Comunicação em trans-formação... em devir...
(por que não romantizar o presente?)
Antes a gente pirava com gravadores
Hoje desafiamos a nossa própria memória
Antes a gente era viciado em literatura beat
Hoje a literatura beat está em nós e piramos com literaturas
(Sim, os beats ainda andam por aí...)
Antes nosso trabalho era estudar e criar "mirabolâncias"
Hoje estudar e criar "mirabolâncias" é nossa diversão
Antes os amigxs-irmxs eram nossa vida... e hoje também! ... o aconchego daqueles que respiram amores e liberdades individuais e coletivos ... que querem a liberdade junto com a gente ... até na hora de brigar, acalmar e começar tudo novamente...
... Amores incondicionais povoados de liberdades incondicionais...
... Sim, as coisas, os tempos, as necessidades, os cotidianos, os desejos mudam...
... Os amores dos amigxs-irmxs continuam a nos sustentar!
Que bom ter companheirxs que dividem a vida, o olhar livre de amarras e convenções... que nos querem livres, com nossos próprios pensamentos e sentires...
Obrigada, amigxs-irmxs! Resistência, amor e liberdade incondicional para vocês e com vocês!

quarta-feira, 17 de março de 2010

...

***

Entre presenças e ausências, hoje fico com as companhias!

***

Fragmento da paixão

***

Sim, o que move meus dias é paixão. Alguns dizem que é coisa do signo, outros que é estilo de vida ... uns acham que é defeito, outros que é qualidade... classificações à parte, o que move meus dias é paixão, nas suas presenças e ausências! Fato e ponto.

***

sábado, 13 de março de 2010

...

***

Entre gritos e sussurros, hoje fico com os sussurros!

***

sexta-feira, 12 de março de 2010

Fragmento das metades

***

Presenças cheias de ausência...
Ouvir e não ver...
Falar e não fazer...
Querer e não se mover...
Se irritar, esbravejar e se arrepender...
Dormir e não descansar...
Ter necessidade mas não ter coragem...
Ter necessidade mas estar cheia de preguiça...
Querer escrever e só rabiscar...
Querer mergulhar e só molhar o pé...

Aqui me encerro ... para juntar as metades... para voltar a ser inteiro!

***

Fragmento de uma manhã... (raivosa?)

***

Hoje acordei pensando: Não deixarei minhas emoções entregues aos hormônios!!! Pro inferno a TPM...
Essa coisa do "ser mulher"...estar entregue aos hormônios, ao sangue, ao útero... será que tudo isso, dessa maneira tão forte e diferenciadora, não é pura construção político-cultural tão internalizada pelos mecanismos de coerção que a gente esquece que somos apenas seres humanos...todos iguais...cheios de emoções atormentadoras, infantis às vezes?
Por que a "mulher" tem que ser a figura frágil, atordoada de sentimentos, descontrolada emocional? E as fragilidades, emoções e descontroles "masculinos"?
(Quero ser dona das minhas emoções...livre de determinações hormonais, culturais...ais...ais...)

...longa discussão... longa reflexão...conclusões incertas...

***

segunda-feira, 8 de março de 2010

Em busca da simplicidade...(?)

***

Perder-se... no cotidiano que sufoca, nas faltas de atenção, nos inimigos que emanam do próprio pensamento, nas pernas cansadas e no peso das mãos...perder-se nos detalhes... que de tão simples se fazem perdidos e atormentadores... se tornam tão grandes....
O exagero...o grande mal da humanidade?
Sigo em busca da simplicidade do detalhe...batalha árdua...pois é nessa simplicidade que eles se tornam tão pouco compreensivos à nossa racionalidade colonizada... cheia de complexidades compradas, importadas...inúteis... (mas indispensáveis à existência???)

***


domingo, 7 de março de 2010

Escrita do fragmento

Escrever em fragmentos é um vício. Surgiu como algo instintivo...em busca de uma liberdade estilística e fugindo dos padrões dos elementos constitutivos de cada gênero literário. Durante muito tempo foi isso. Uma utilização sem consciência. Uma simpatia não declarada. Uma facilidade...estar à vontade com a palavra.
De uns tempos prá cá – eu não saberia precisar...para algumas coisas ou tarefas não sentimos necessidade de medir o tempo – voltando... passei a, esporadicamente, buscar informações sobre o tema...

E nessa busca recente começou a aparecer um pouco do que vem agora e daqui por diante e que passarei a compartilhar com outros olhares...entretextos...entrelinhas...e reticências... em devir...em fragmentos

: (dois pontos)

Apareceu muito Roland Barthes... sobre escrever...sobre escrita...sobre fragmentos...

***

“Saber que não escrevemos para o outro, saber que essas coisas que vou escrever jamais me farão amado de quem amo, saber que a escrita não compensa nada, não sublima nada, que ela esta precisamente ali onde você não está – é o começo da escrita.” Roland Barthes – Fragmentos de um discurso amoroso.

***

“Escrever por fragmentos : os fragmentos são então pedras sobre o contorno do círculo: espalho-me à roda: todo o meu pequeno universo em migalhas; no centro, o quê?” Roland Barthes Roland Barthes por Roland Barthes, p.108
***
“Toda lei que oprime um discurso é insuficientemente fundamentada.” Roland Barthes Roland Barthes por Roland Barthes, p.44
***
“Muitos textos de vanguarda (ainda não publicados) são incertos: como julgá-los, retê-los, como predizer-lhes um futuro, imediato ou longínquo? Eles agradam? Aborrecem? Sua qualidade evidente é de ordem intencional: eles se apressam a servir à teoria. No entanto, essa qualidade é também uma chantagem (uma chantagem à teoria): goste de mim, guarde-me, defenda-me, já que eu sou conforme à teoria que você reclama; não estou fazendo o que fizeram Artaud, Cage, etc.? – Mas Artaud não é somente ‘vanguarda’; é também escritura; Cage tem também sedução...” Roland Barthes Roland Barthes por Roland Barthes, p.67

***
“Para que serve a utopia? Para fazer sentido. [...] A utopia é familiar ao escritor, porque o escritor é um doador de sentido: sua tarefa (ou seu gozo) consiste em dar sentidos, nomes, e ele só o pode fazer se houver paradigma, desencadeamento do sim/não, alternância de dois valores: para ele, o mundo é uma medalha, uma moeda, uma dupla superfície de leitura, cujo avesso é ocupado por sua própria realidade e cujo direito, pela utopia.” Roland Barthes Roland Barthes por Roland Barthes, p.91
***
“A elipse, figura mal conhecida, é perturbadora pelo fato de representar a assustadora liberdade da linguagem [...]”.Roland Barthes Roland Barthes por Roland Barthes, p.93.

***
“Comentar-me? Que tédio! Eu não tinha outra solução a não ser a de me re-escrever – de longe, de muito longe – de agora: acrescentar aos livros, aos temas, às lembranças, aos textos, uma outra enunciação, sem saber jamais se é de meu passado ou de meu presente que falo. Lanço assim sobre a obra escrita, sobre o corpo e o corpus passados, tocando-os de leve, uma espécie de de patchwork, uma coberta rapsódica feita de quadrados costurados. Longe de aprofundar, permaneço na superfície, porque desta vez se trata de ‘mim’ do Eu) e porque a profundidade pertence aos outros.” Roland Barthes . Roland Barthes por Roland Barthes, p. 160

***
Escrever, para Barthes, "é colocar-se num imenso intertexto, quer dizer: colocar a própria linguagem, a sua própria produção de linguagem, no próprio infinito da linguagem”. (Roland Barthes. Para/ou onde vai a literatura. In:VÁRIOS. Escrever... para quê? Para quem? Lisboa, Edições 70, 1975)

***

E apareceu Deleuze também...

***

"Ao escrevermos, como evitar que escrevamos sobre aquilo que não sabemos ou que sabemos mal? É necessariamente neste ponto que imaginamos ter algo a dizer. Só escrevemos na extremidade de nosso próprio saber, nesta ponta extrema que separa nosso saber e nossa ignorância e que transforma um no outro. É só deste modo que somos determinados a escrever. Suprir a ignorância é transferir a escrita para depois ou, antes, torná-la impossível. Talvez tenhamos aí, entre a escrita e a ignorância, uma relação ainda mais ameaçadora que a relação apontada entre a escrita e a morte, entre a escrita e o silêncio”. (Gilles Deleuze)

***
FRAGMENTANDO-ME...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Canção


O peso do mundo
é o amor.
Sob o fardo
da solidão,
sob o fardo
da insatisfação

o peso
o peso que carregamos
é o amor.

Quem poderia negá-lo?
Em sonhos
nos toca
o corpo,
em pensamentos
constrói
um milagre,
na imaginação
aflige-se
até tornar-se
humano -

sai para fora do coração
ardendo de pureza -
pois o fardo da vida
é o amor,

mas nós carregamos o peso
cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.

Nenhum descanso
sem amor,
nenhum sono
sem sonhos
de amor -
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor
- não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contido
quando negado:

o peso é demasiado

- deve dar-se
sem nada de volta
assim como o pensamento
é dado
na solidão
em toda a excelência
do seu excesso.

Os corpos quentes
brilham juntos
na escuridão,
a mão se move
para o centro
da carne,
a pele treme
na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho -

sim, sim
é isso que
eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar
ao corpo
em que nasci.

Allen Ginsberg

inícios...

Inícios são sempre difíceis... o mais difícil de realizar alguma coisa é começar...
Um texto começa num suspiro, uma reticência é um suspiro...é um estar entre...
...esse blog começou num suspiro...entre sentimentos que transbordam... eu me transbordo...

... TRANSBORDEM-SE!